segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Teatro na escola: O teatro do Improviso



Defendi, anteriormente, o caráter catártico do teatro, a sua verve libertária, o seu uso escapista, como se fora (e é, acredito), um veículo que nos possibilita caminhares prazerosos entre um ponto e outro de nós mesmos. Sim, nós não somos uma caixa de chocolate fechada cuja abertura não revelará qualquer surpresa. Somos antes "casas muito grandes, muito compridas” e “[...] é como se morássemos apenas num quarto ou dois” (ANTUNES, 2004). Imagino que a maioria de nós guarda semelhanças com as personagens de Shakespeare e Molière, simultaneamente. Somos dramáticos e cômicos, ao mesmo tempo absurdos e completamente centrados e equilibrados. Somos ambivalentes. E, por uma razão ou por outra, na maioria das vezes nos apresentamos diante dos outros segundo apenas um dos pólos dessa ambivalência. Escolhemos quem queremos ser. Muito porque como escreveu José Saramago “Vivemos numa espécie de alarme em relação a nós mesmos, que talvez seja não querermos saber quem somos na realidade”. Desse modo, somos na maioria das vezes equilibrados - é o socialmente aceitável -, e no restante do tempo, entre os mais próximos, entre quatro paredes (e por que não dizer entre iguais?), menos convencionais – ou mesmo uns perfeitos idiotas. Que vergonha eu não teria se soubésseis de minhas tolices!
Ora, esse autoconhecimento educativo e formador, construtor de personalidades, encontra, ao nível do teatro, grande proeminência principalmente no Teatro do Improviso. Este, afeito à espontaneidade, ao “não pensar” e ao “não ajuizar” das atitudes/condutas, abre espaço a um melhor entendimento e conhecimento do ator que age de improviso, ou seja, no âmbito da escola, dos alunos que submetamos a essa atividade. Não sem sentido Fernando Pessoa escrevera que nada senão o instante o conhecia, pois é no instante, no tempo que age de surpresa, que não nos pensamos e não sucumbimos ao alarme de sermos.
No teatro do Improviso a encenação é livremente criada no decorrer do espetáculo, não havendo falas, nem quaisquer referências cênicas preestabelecidas. Principia-se a ação partindo de um tema, ou de uma contação de história prévia, que os atores e atrizes, e mesmo os espectadores presentes, encenam a seu bel prazer. A ferramenta primordial é a criatividade.
Por esse meio, pela permissão concedida ao aluno de ser sujeito da ação, de falar e agir sem repressão diante de um determinado assunto, logramos outro nível de conhecimento desses mesmos alunos, ao mesmo tempo em que lhes possibilitamos melhor conhecerem-se. Para isso é, no entanto, fundamental que ao final da representação levantemos questionamentos pertinentes com relação às escolhas cênicas de cada um. Não podemos, nem devemos, ficar na cena pela cena. É necessário que se questione, a título de exemplo, por que o aluno A, numa encenação sobre a chegada dos portugueses ao Brasil, representou um indígena assombrado e temeroso e o aluno B, um indígena destemido e antes curioso em relação ao outro. Num exemplo como esse deve, inclusive, trabalhar-se a imagem projetada do colonizador. Como eles o representaram? Por que o representaram assim? Representaram o colonizador todos de igual modo? Por quê? Se não, quais foram as variáveis? E o indígena? Teve sempre o mesmo tipo de representação? Por quê?
O teatro do Improviso abre espaço a inúmeras possibilidades. Tem como principais elementos a “[...] sensibilização e a reflexão sobre problemas coletivos [...], a intervenção crítica e criativa em termos específicos [...], as atividades educativas [...], a expressão artística natural [...], o entretenimento” (MOURA, 2008), sendo, por vezes, “[...] um caminho que se abre para os (as) tímidos (as) [...]” e “Outras vezes [...] para a liberação dos (as) extrovertidos (as) no sentido de desenvolverem uma introspecção necessária” (MOURA, 2008).
Deve atentar-se, no entanto, para o fato de que o teatro do Improviso é antes de tudo um exercício bem ao jeito das brincadeiras propostas por Boal no livro "200 exercícios e jogos para o ator  e o não-ator com vontade de dizer algo através do teatro". Não tem um caráter fechado, de obra/representação terminada. É moldável, incerto, e por isso mesmo de uma fecundidade e ludicidade elogiável, estando muitas vezes, ou descambando muitas vezes, melhor dizendo, no humor, devido às falhas a que está sujeito. A espontaneidade, todos sabemos, é rica em atropelos. E isso é exatamente algo que o professor deve saber gerir. Caso contrário, o exercício se perderá.
Algumas indicações pertinentes à execução do teatro de Improviso são:
·         A contação de uma história antes do tema dado (o que pode ser favorável no sentido de estabelecer uma linha de representação e, por conseguinte, uma espécie de controle da ação), ou a iniciação da representação a partir de um tema (nesse caso a liberdade de interpretação parece de maior plenitude)
·         A preparação do aluno por meio de exercícios/jogos teatrais. Algo que o professor deve tentar promover conjuntamente com os professores de artes.
·         A preparação do aluno ao nível dos questionamentos. É importante que o aluno perceba o alcance do que ali será representado, que ele entenda que há nesse exercício do Improviso muito mais do que uma brincadeira. Há formas de ação, jeitos de pensar, preconceitos, sistemas de referência que serão revelados e que devem ser pensados.
·         A execução nos anos mais avançados, como Ensino Médio, devido a uma maior maturidade necessária na compreensão das dinâmicas.
·         O controle da encenação, na medida do possível. Controle no sentido de que a aula/exercício não se torne, literalmente, uma brincadeira. Para isso concorrem alguns elementos: a preparação dos alunos (exercícios/jogos, visionamento de vídeos demonstrativos), idade dos intervenientes, personalidade dos intervenientes, o meio, a preparação do docente, o tempo de representação. De destacar que sobre alguns desses itens o professor tem, ou poderá ter, total controle, ao passo que outros escapam-lhe completamente. Nos dois primeiros itens – exercícios/jogos e visionamento de vídeos demonstrativos – o educador tem total poder. Depende dele a promoção dessas atividades, quer unicamente na sua disciplina, quer com o apoio de outros professores. Na questão da idade, enfatizo a preferência pela execução dessa prática nos anos do Ensino Médio. As outras questões como personalidade e o meio serão trabalhadas pelo professor, que regra geral, no caso de História, não tem preparação teatral. Essa será, talvez, a maior das dificuldades. Um especial cuidado é requerido no tempo de encenação. Proponho exercícios nunca superiores a 10 minutos. A longa duração dá, não raras vezes, lugar ao desvirtuamento.
·         Atenção à propensão para o humor deste tipo de exercício. O professor deve estar preparado para trabalhar o riso. Por que riram os alunos-espectadores diante daquela cena? A ação do personagem foi naturalmente cômica? Por quê? Tem algo de real no que representou? Ou não? O que provocou o riso? Uma ação cotidiana? Uma fala do personagem? Uma manifestação preconceituosa? Um estereótipo?

Em suma, o exercício do Teatro do Improviso permite abordagens deveras enriquecedoras, principalmente ao nível da promoção do autoconhecimento e do trabalho com sistemas de valores e preconceitos, comportando, no entanto, algumas dificuldades de execução, ora dependentes, ora independentes da vontade do docente. Dessa forma, é aconselhável um trabalho bastante cuidado e meticuloso na sua preparação, devendo o profissional do ensino, na falta de formação teatral, pesquisar e procurar inteirar-se das melhores metodologias e práticas educativas no que à sua execução se refere. Em última análise, o que se destaca é que tal exercício/jogo não pode ficar arredado de um ensino cada vez mais inovador e multidisciplinar voltado para a completude individual e formação cidadã.

Deixo abaixo dois links para vídeos de Teatro do Improviso:

Bom trabalho!


Referências bibliográficas:


MOURA, A. S. . O Teatro de Improviso como prática educativa no ensino de História. In: XIII Encontro Estadual da ANPUH - História e Historiografia: Entre o nacional e o regional, 2008, Guarabira (PB). XIII Encontro Estadual da ANPUH - História e Historiografia: Entre o nacional e o regional, 2008.
O improviso no teatro e na dança. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=AeMca85HfzM>. Acesso em: 29 de dez. 2014.
Teatro do improviso com histórias reais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=l6DQ-vvL9HE>. Acesso em: 29 de dez. 2014.



 


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Os banhos na Idade Média

Geralmente quando pensamos na Idade Média, imaginamos uma época suja, cheia de doenças e pestes. Mas, na verdade, as coisas não foram bem assim.
Apesar da cultura monástica medieval associar o banho ao pecado (pois era visto como vaidade), a partir do século XIII a mentalidade sobre a higiene começa a mudar. Integra-se ao cotidiano dos homens medievais, banhos, saunas e termas.
Os registros da época relatam que além dos banhos públicos, havia também banhos privados com banheiras ou tinas instaladas dentro do quarto. Para a limpeza, usava-se água quente, sabão, sais e perfumes.
Os médicos incentivavam essa prática, afirmando que os banhos possuíam propriedades terapêuticas.
No final da Idade Média, a peste negra que assolou a Europa mudou a visão com relação aos banhos. Os médicos não o recomendavam mais por ser considerado um meio de contágio da doença.
A Igreja também reforçou o repúdio à prática por vê-la como incentivo à prostituição, já que nos banhos coletivos misturavam-se homens e mulheres.
Assim, termina a idade de ouro dos banhos e entra em cena a preferência por perfumes e pós para eliminar a sujeira e disfarçar o mau cheiro.

Dicas para o professor:
1. Utilize a curiosidade dos banhos com seus alunos do ensino médio para desmistificar a visão negativa que muitas vezes perdura sobre a Idade Média.
2. Ajude a mãe de seus alunos do ensino básico e aproveite para reforçar a importância de tomar banho. Ah, lembre-os também que não se deve desperdiçar água!

Até breve,
Gláucia Dias.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Jogos de História na Internet, uma ferramenta didática e inclusiva.

Em nossa postagem mensal, temos a internet e seus sites como uma ferramenta de ensino-aprendizagem para a Educação Básica. Em especial nesta postagem, trazemos para vocês um jogo que certamente todos os alunos já jogaram - jogo da memória. Neste caso em particular dos presidentes brasileiros, com uma abordagem voltada para o ensino médio, o jogo da memória relaciona presidentes a realizações ou a características particulares de cada um deles.  Segue o link do site com o jogo: http://revistaescola.abril.com.br/jogo-memoria-presidentes-brasil-historia-737398.shtml    

        






















Organização da turma
- Organize os alunos em grupos de 2 a 6 participantes.
 Capacidades a serem trabalhadas
- Permitir que o aluno identifique as características da gestão dos presidentes brasileiros.
Material
- 13 cartas com imagens dos presidentes e 13 cartas com características especificas de cada presidente.
Desenvolvimento
Cada jogador tem o direito de virar um cartão com a imagem e um cartão com uma característica, ao acertar o jogador tem o direito de fazer uma nova tentativa.

Postagem de Marcos Medeiros (marcos07medeiros@hotmail.com.br)




quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A contribuição da norte-rio-grandense Nísia Floresta para a conquista do voto feminino no Brasil

“Por que [os homens] se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?”, Nísia Floresta


A conquista do direito ao voto feminino no final dos anos 1920 teve grande destaque na sociedade e nos jornais do estado, graças à luta da norte-rio-grandense Nísia Floresta, tendo grande repercussão no país. Não satisfeitas apenas em votar, as mulheres lutaram também pelo direito de serem votadas. E mais uma vez o RN foi pioneiro no Brasil com a eleição da prefeita de Lajes, Júlia Soriano, conhecida em todo país.

Dionísia Gonçalves Pinto nasceu em Papari (hoje Nísia Floresta), era escritora e estreou como articulista em 1831; abolicionista, republicana, feminista e poeta, viveu quase três décadas na Europa, comunicando-se de perto com os intelectuais da época; educadora, fundou os colégios “Brasil” e “Augusta”, no Rio de Janeiro; tida como uma das mulheres mais importantes da história do RN, sob o pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta.

A escolha de seu pseudônimo revela sua personalidade excêntrica: Floresta, referindo-se ao sítio onde nasceu; Brasileira, referindo-se à necessidade da afirmação de seu nacionalismo; e Augusta, em homenagem a seu companheiro (Manuel Augusto). Para Gilberto Freyre, Nísia Floresta era “uma exceção escandalosa” ao comportamento característico das mulheres de seu tempo: “Verdadeira machona entre as sinhasinhas dengosas do meado do século XIX. No meio dos homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas […], causa pasmo ver uma figura de Nísia”.

O pensamento de Nísia foi fortemente influenciado pelo filósofo Augusto Comte, pai do positivismo, com quem conviveu durante suas viagens à Europa. O pensamento positivista entendia as mulheres como importantes figuras sociais, dotadas de uma “identidade positiva” fundamental para o crescimento das sociedades.


Sugestão de atividades: (5º  ao 9º ano)

1ª etapa

Faça uma explanação sobre a trajetória para a conquista do voto feminino no Brasil, dando ênfase a história de Nísia Floresta. Comente que Dilma Rousseff é a primeira mulher a ser eleita presidente da república na história do Brasil. Pergunte aos alunos se conhecem o nome de outras mulheres que desempenham funções políticas (ministras, senadoras, governadoras, deputadas, prefeitas ou vereadoras) em nosso país. Se possível, cite o nome de algumas mulheres que ocupam cargos políticos na cidade ou no estado.

Explique aos alunos que a atual participação política da mulher no Brasil foi resultado de muita luta e manifestações. Para auxiliar sua explicações e seu comentários leia do texto do professor José Eustáquio sobre os 80 anos do direito de voto feminino no Brasil. (Disponível em: http://www.enfpt.org.br/node/413).

2ª etapa

Proponha aos alunos a produção de um texto coletivo no caderno sobre a trajetória da participação política da mulher no Brasil, desde as primeiras manifestações no final do século XIX até a crescente participação feminina nas últimas eleições.

Objetivos específicos:
- Conhecer a trajetória e participação política da mulher no Rio Grande do Norte e no Brasil.
- Compreender que o direito do voto feminino no Brasil foi uma conquista das manifestações das mulheres brasileiras.

Materiais de apoio:
- Computador com acesso à internet.
- Projetor multimídia (opcional).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
PINHEIRO, Carlos Sizenando Rossiter. PINHEIRO, Fred Sizenando Rossiter. DOS BONDES AO HIPPIE DRIVE-IN: Fragmentos do cotidiano da cidade do Natal. Natal: Associação Brasileira das Editoras Universitárias, 2009. pg. 27-29.

FLORESTA, Nísia. Direitos das mulheres e injustiça dos homens. São Paulo: Editora Cortez, 1989.



Postagem de Thaís Maranhão (thaís.fly74@yahoo.com.br)

sábado, 6 de dezembro de 2014

Filme na sala de aula: " A Guerra Do Fogo"




para assistir ao filme clique AQUI 

              O filme A Guerra Do Fogo é uma película de referência em se tratando da pré-história. Elogiado não só pela critica cinematográfica, mas por especialistas nas mais diversas áreas, desde a história até a linguagem, a trama gira em torno do fogo, que na época era um elemento essencial à vida. O grupo ULAM era um povo nômade, caçador/coletor que venerava a natureza e em especial o fogo. Como até então esse grupo não dominava esse elemento, o máximo que podia fazer era preservá-lo da melhor forma possível. Mas em um conflito com outro grupo, WAGABU, perde a chama. Sem proteção contra os animais e o clima, os ULAM decidem enviar alguns membros em busca da chama.
  A partir da busca pela chama terão contato e nos apresentarão uma grande parcela das eras pré-históricas. É importante relativizar o mix de temporalidades retratadas na produção. Vemos diferentes grupos de  Homo Erectus,  Homo Neanderthalensis,  Homo Heidelbergensis, e  Homo Sapiens convivendo num mesmo recorte temporal; o que é muito pouco provável. Teremos contato com a fauna (tigre dente de sabre, mamutes) a evolução da linguagem, das técnicas de moradia, da linguagem, produção de ferramentas... E é ate perceptível um afloramento das emoções e sentimentos.

A classificação indicativa do filme é 10 anos, mas é aconselhável que se trabalhe este filme a partir do 8º ano. Existem algumas cenas que o professor pode achar inapropriadas e que podem ser cortadas.
Proposta de atividade: 1) Uma boa forma de fixar o conhecimento é realizando um exercício reflexivo, pedindo para os alunos desenharem ou escreverem a importância do fogo, das ferramentas, das casas, da linguagem nos dias de hoje e quais as consequências se estes elementos nos faltassem. Além disso, é visível a evolução que se segue nos vários grupos mostrados no filme. Assim, peça ao seu aluno para dizer sua opinião a respeito da evolução na sociedade e falar possíveis avanços da humanidade.
2) Para um estudo sobre a linguagem, é interessante o uso de dinâmicas como a mímica.  Passo a Passo: Proponha para a turma que façam um jogo de mímica. Em seguida, estabeleça para cada grupo um tipo de linguagem diferente (linguagem apenas com as mãos, linguagem de sons apenas com pronúncia de vogais, etc). Então, faça a distribuição das palavras para que os grupos possam representá-las de acordo com seu tipo de linguagem. Um pouco de competitividade também é bem-vinda, podendo-se atribuir um quadro de pontos para o jogo.
Objetivos:   - Fomentar a reflexão a respeito do progresso da humanidade.
                     - acentuar a importância da linguagem e sua relação com a evolução humana.
                  - Incentivar o aluno a fazer uma análise crítica dos elementos que constituem o seu cotidiano, e daqueles que ao longo do tempo foram se constituindo como essenciais à sua sobrevivência.

Espero ter ajudado. Desejo a todos uma boa aula.

Fontes: http://oaluadorig.blogspot.com.br/2013/10/resenha-critica-do-filme.html
            http://resenhaguerradofogo.blogspot.com.br/
            http://www.brasilvideolocadora.com.br/verFilme.php?filme=10996

Postagem de Emidio José Avelino de Medeiros
(emidio.medeiros@hotmail.com)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Dicas para montar e aproveitar uma aula num centro histórico

1. Prepare o passeio: A fase de preparação é, talvez, a mais importante, pois é a que envolve todas as expectativas da criança. Procure informações na internet, em mapas, em livros (temos aí uma boa oportunidade para visitar uma biblioteca também!).

2. Busque referências: Se você vai visitar o centro histórico da sua cidade, uma etapa importante é buscar as histórias das pessoas que viviam lá. Onde moravam? Onde trabalhavam? Como era o seu estilo de vida? Que meio de transporte utilizavam? Busque respostas para essas perguntas em jornais antigos, documentos e, claro, conversas com os moradores. Levar a criança para bater um papo com um morador antigo do bairro antes ou depois do passeio pode ser muito interessante. Assim, ela poderá fazer as próprias perguntas e sanar as suas curiosidades.

3. Documente tudo: é importante que você e os alunos documentem tudo juntos - desde o planejamento até as conclusões a que chegaram depois da visita. Antes: vocês podem organizar um diário, com os lugares que vão visitar e anotações do que já sabem sobre eles. Durante: é hora de tirar fotos e anotar o que encontrarem de interessante - desde a data de construção de um prédio antigo até a explicação ao lado de um quadro num museu. Depois: vem a parte da organização. É hora de selecionar as melhores fotos, imprimi-las e montar um álbum ou cartazes com legendas, para que a turma nunca esqueça o que viu. E é bom lembrar: o ato de documentar, além de deixar uma boa lembrança do passeio, incentiva a criança a praticar a escrita.

4. Caminhe: O melhor jeito de conhecer um centro histórico é caminhando. Nada de carros ou ônibus. Andar a pé, observando a arquitetura e as construções antigas, proporciona uma vivência muito mais interessante do que entrar e sair correndo de museus e centros culturais.

5. Faça perguntas: Num passeio num centro histórico, os adultos têm o papel de incentivar a reflexão entre as crianças. Diante de um prédio antigo, pergunte o que elas acham dele, se acham bonito ou feio. Ao observar a estátua de alguém, pergunte se elas sabem quem foi essa pessoa e se elas acham que a pessoa realmente merece um monumento. Ao andar por uma rua de paralelepípedos, faça-as observar como era o calçamento de antigamente. É importante, enfim, fazer que elas reflitam sobre o que estão vendo, para que, assim, possam entender também a cidade em que vivem. Lembre-se, no entanto, de adaptar esse momento de reflexão para a idade das crianças ou dos adolescentes. Diante de uma estátua, por exemplo, é possível agir de duas maneiras: com os menores, peça que eles identifiquem os elementos presentes na mesma; com os mais velhos, uma abordagem possível é falar sobre a época em que viveu a pessoa retratada.

6. Siga os interesses dos alunos: Lembre-se sempre que o passeio é um momento de lazer e aprendizagem para os seus alunos. Peça a opinião deles e tente priorizar atividades do seu interesse. Tudo bem que há um museu histórico muito interessante justamente onde vocês estão, mas os seus alunos não param de falar que querem ver uma estátua numa praça que está a um quilômetro de distância? Siga a vontade deles. A criança e o adulto não entendem a História da mesma maneira. É importante descobrir quais são os interesses da criança.

7. Compare o passado e o presente: Uma cidade é do jeito que é por causa de seu passado, de sua história. O Centro de Natal tem casarões suntuosos, por exemplo, porque já foi a parte mais rica da cidade. Hoje, no entanto, é uma área um pouco degradada. Por quê? Para onde foram as pessoas ricas que ali moravam? Como foi esse processo de degradação? Por meio de fotos, que podem ser encontradas na internet ou em bibliotecas, é possível ver a cidade em períodos diferentes e fazer essa comparação. Mas é importante não idealizar e achar que o passado era como em algumas novelas das seis. Também havia pobreza e conflitos sociais.

8. Prove comidas típicas: É claro que um passeio como esse - em que o ideal é andar a pé - é bastante cansativo e vocês vão precisar fazer uma pausa com as crianças. Se possível, faça isso quando bater a fome e aproveite para comer algo típico e, assim, continuar falando de História com seus alunos. É importante falar das ideias, da culinária, da cultura do povo. Toda cidade ou região tem uma comida que faz parte da sua história. Aproveite para prová-la nesse passeio histórico com o seus alunos! 

Postagem de Thaís Maranhão (thaís.fly74@yahoo.com.br)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:
REVISTA EDUCAR PARA CRESCER
REVISTA NOVA ESCOLA

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

História e Poesia: Uma reflexão acerca da História Indígena a partir da "Canção do Tamoio", de Gonçalves Dias

Atividade destinada aos alunos do Fundamental II

        Um dos papeis fundamentais da História é a sua capacidade de construir e desconstruir conceitos criticamente. Assim sendo, faz parte do trabalho do profissional de História, bem como do próprio professor de tal disciplina escolar, promover tal reflexão sempre que surgir a possibilidade de fazê-lo. 
  No caso específico dos docentes, uma boa oportunidade de realizar tal tarefa com seus alunos se dá nas datas comemorativas. Nessas ocasiões, o professor pode aproveitar para discutir temas específicos e também estimular a reflexão dos discentes acerca de aspectos de nossa cultura que muitas vezes são internalizados erroneamente ao longo dos anos de aprendizagem escolar. 
  No post de hoje, veremos como se pode, por exemplo, trabalhar o "Dia do Índio" (19 de Abril) nas classes do Ensino Fundamental II. Nessa aula, o professor enfatizará e promoverá o debate sobre a visão que foi construída acerca do indígena brasileiro, procurando retirar da mesma a carga de romantismo e superficialidade que, infelizmente, foi posta sobre a sua imagem ao longo dos anos. Para tal, trazemos uma atividade que envolve o poema "Canção do Tamoio", de Antônio Gonçalves Dias.

1) Leitura coletiva: Leia o seguinte trecho juntamente com seus alunos:

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranquilo nos gestos,
Impávido, audaz.

2) Abra espaço para a discussão: Após realizar a leitura coletiva do poema, incentive os seus alunos a dizerem a opinião deles sobre a visão do índio Tamoio que é construída no texto. À  medida que as interpretações surgirem, dê maior destaque àquelas que enfatizam uma visão heroica do indígena, como sendo um indivíduo resistente e guerreiro. 

3) Peça uma pesquisa e proponha uma atividade: Feita a discussão sobre a visão do índio apresentada no poema, leve para a sala de aula textos que mostrem a situação do nativo brasileiro ao longo da colonização, destacando a escravização da qual esses povos foram vítimas. O livro didático também poderá ser usado para essa parte da pesquisa. Depois, leve textos que foram publicados em revistas e jornais e que mostram a atual situação dos povos indígenas e sua luta pela própria terra. Em posse de tal material, incentive a pesquisa e proponha uma atividade escrita que o aluno deverá fazer com base nos textos que tem à sua disposição. Tal tarefa pode ser um questionário ou a realização de uma redação, porém em ambas as propostas o professor deve incentivar que o aluno faça a ligação entre a história do índio e a sua atual realidade.

4) Retorne ao poema: Depois da discussão inicial e da pesquisa sobre a realidade enfrentada pelos indígenas aos longos dos anos, retorne ao poema de Gonçalves Dias. Agora, os alunos terão maior bagagem de conhecimento e capacidade para fazer uma nova interpretação da obra. Promova uma nova discussão na qual os estudantes terão a oportunidade de expressar aquilo que aprenderam com a pesquisa feita. Esse é o momento de desconstruir a tradicional visão que os alunos poderiam ter acerca dos povos indígenas e construir uma nova imagem dos mesmos, sendo esta baseada na realidade deles, da mais antiga à mais atual, e não preconceitos que, ao longo da história, foram sendo construídos em relação aos nativos brasileiros.

Postagem de Suzana Sabino (suzana_sabino@hotmail.com)

Referência bibliográfica:
SOUSA, Rainer. A trajetória dos índios e a "Canção do Tamoio". Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-trajetoria-dos-indios-cancao-tamoio.htm>. Acesso em: 24 nov. 2014.